Carne de cação é carne de tubarão. Quem acompanha o blog da Divers for Sharks já deve ter lido algumas vezes sobre esta questão. Hoje, nós vamos aprofundar um pouco mais este assunto, pois o Brasil é um dos maiores consumidores deste tipo de produto que, na realidade pode ser prejudicial a saúde.
Mas antes é necessário esclarecer que ‘cação’ é um termo popular, utilizado em algumas comunidades pesqueiras do nosso país para se referir a tubarões pequenos. O que a indústria fez? Se apropriou do termo para aumentar o interesse pela carne e a vende em postas ou como filé limpo, deixando o consumidor sem uma informação clara do que está levando para a sua mesa.
Por aqui, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirma não existir regra específica para a designação de produtos de origem animal nas embalagens, competência que seria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Como a legislação permite o uso do nome comum, como o uso de “tubarão” fica aberto o espaço para a desinformação.
É necessário dizer que o consumo no Brasil chega a 45 mil toneladas anuais, sendo 22 mil para o mercado interno e 23 mil para exportação, cujo destino é, sem geral, os países asiáticos. Como já falamos em outra oportunidade, o tubarão está no topo da cadeia alimentar nos oceanos e é responsável por manter o equilíbrio numérico entre as espécies, ajudam a alimentar outros animais como os urubus e ainda delimitam os espaços de cada bicho no mundo aquático.
Por este motivo a sua carne também representa um perigo a sua saúde o consumo de carne de cação (tubarão). Explicação está no processo de bioacumulação, o que faz com que estes animais agregam metais pesados, como mercúrio e arsênio, presentes nos organismos que lhe serviram de alimento. Ingeridas além da conta, essas substâncias podem causar danos cerebrais.
A Organização Mundial de Saúde (ONS) recomenda que haja um limite de 0,5 miligrama de mercúrio por quilo de carne consumida diariamente. No entanto, um estudo feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou em 2008 que o Prionace glauca, ou tubarão-azul, a espécie de tubarão mais consumida no Brasil, tem um índice duas vezes maior do que o limite diário. Um perigo para a saúde.
Lá fora, a Food and Drug Administration (FDA), órgão que regula o setor de alimentos nos Estados Unidos, recomenda que grávidas e lactantes não consumam carne de tubarão, seja a quantidade que for.
Depois disso tudo, você ainda vai continuar consumindo carne de tubarão?
Nota:
Com informações de BBC e Superinteressante