Ainda é impossível medir os danos ambientais resultantes do crime cometido pela Vale em Brumadinho – é importante frisar: não foi um acidente. Neste momento, em que as equipes de resgate ainda tentam encontrar pessoas com vida, a Divers For Sharks se solidariza com os familiares e todas aqueles que veem sofrendo com essa tragédia que se aconteceu em Minas Gerais.
No entanto, há três anos, no mesmo estado, o desastre ambiental da Samarco (uma joint-venture que pertence a Vale e da anglo-australiana BHP Billiton) matou toda a vida no Rio Doce. Na época foram despejados 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro, o que equivale a 25 mil piscinas olímpicas cheias de lixo tóxico. A lama chegou a costa norte do Espírito Santo e ao sul da Bahia. Os danos do crime até hoje estão sendo medidos e serão sentidos por anos, tudo decorrente da falta de fiscalização de diferentes esferas do poder público e da ganância da multinacional brasileira.
Ao que parece, de lá para cá, nós não aprendemos nada, pois o crime se repetiu. No desastre da Samarco em Mariana, além da morte de todo o ecossistema que vivia na extensão do Rio Doce, a chegada da lama tóxica ao mar provocou a proibição da pesca e ameaçou o arquipélago de Abrolhos. Até hoje os efeitos são visíveis em Mariana e todos os 15 municípios atingidos pelo ‘tsunami’. No que podemos chamar de misto de ganância com irresponsabilidade.
Os sedimentos tóxicos provocados decorrentes do desastre foram depositados no fundo do Rio Doce, áreas ciliares e chegou ao fundo do mar. As chuvas, as marés e outros processos naturais podem disponibilizar substâncias novamente e, com isso, o ecossistema reabsorveria e redistribuiria as toxinas ao longo da cadeia alimentar, num processo chamada de bioacumulação.
Neste vídeo, um biólogo explica melhor o que aconteceu com o ecossistema atingido pelo desastre de Mariana:
https://youtu.be/izNERHUsYuk
Para nós, que estamos no topo na da cadeia alimentar, o processo de bioacumulação é ainda mais devastador. Um estudo feito com moradores da região de Mariana indica contaminação por metais pesados, o que pode causar doenças como o câncer. Apesar do desastre atual ser menor toneladas de lixo despejado, os desdobramentos serão as mesmos, como mostra essa matéria do jornal O Globo.
Resta torcer para que alguém se mova para evitar o pior ou menos pelo menos minimizar os danos. Pelo que vimos em três é difícil acreditar que algo vai mudar.