Chegaram ao planeta antes das árvores
Tubarões são criaturas magníficas! Presentes em todos os oceanos, e até mesmo em alguns rios, do planeta. Estão em nossas águas desde antes de existirem árvores em terra. Isso mesmo, estamos falando de animais muito, mas muito antigos no planeta, que evoluíram e sobreviveram às 5 grandes extinções: no Ordoviciano, Devoniano, Permiano, Triássico e Cretáceo.
Porém estes belíssimos animais estão correndo sérios riscos de extinção no período em que vivemos, o Antropoceno. A sobrepesca em escala industrial destes animais, na maioria da vezes em função do finning, matança apenas pelas barbatanas, está matando estes animais numa escala numérica muito maior do que eles são capazes de se reproduzirem e recomporem o volume dos cardumes.
Precisamos falar sobre sexo
Os tubarões são animais que se reproduzem sexuadamente por fecundação interna. Ou seja, os tubarões machos precisam encontrar-se presencialmente com as fêmeas, executar o ritual sexual com penetração do Clasper, órgão sexual duplo masculino, na fêmea para então haver a fecundação internamente dos óvulos. Isso mesmo que você leu: os tubarões machos possuem órgãos duplos, dois claspers, que podem ser vistos em destaque na foto acima. Para realizar este ato, normalmente o tubarão macho morde a fêmea para conseguir manter seu corpo colado ao dela e então realizar a penetração. Pode não parecer grande problema, mas para animais que muitas vezes são migratórios transoceânicos, como o tubarão azul por exemplo, depender de reprodução sexuada significa que uma fêmea da espécie tem que estar no mesmo local e hora que o macho, para caso haja compatibilidade no cortejar, digamos assim, a fecundação aconteça.
E com os outros peixes, é igual?
É bem diferente do processo de fecundação externa, como acontece com as sardinhas por exemplo. Uma sardinha fêmea depois de 6 meses de vida já pode ser considerada adulta sexualmente. Ela pode passar em certo local e expelir digamos algumas centenas, senão milhares, de óvulos na água. O macho não precisa estar presente na hora, basta que dentro de certo período de tempo passe na área e libere os seus gametas. Haverá então uma mistura nesta sopa de gametas e a fecundação acontecerá, sem que o casal nunca sequer tenha se visto. E destes números inicias de centenas de milhares, em seis meses teremos mais uma vez sardinhas adultas repetindo esta progressão geométrica de crescimento populacional dos cardumes.
Já entre os tubarões, algumas espécies demoram até 20 anos para atingirem a maturidade sexual como as fêmeas de tubarão lixa e até mesmo os impressionantes 150 anos para o tubarão da Groenlândia. E após terem atingido a idade reprodutiva, o macho precisa encontrar a fêmea e rolar um clima, para o acasalamento acontecer com a penetração do clasper e consequentemente a fecundação interna. Mas não acaba aí não. Se uma fêmea de tubarão branco tem uma gestação de 18 meses, o tubarão cobra tem gestação de 42 meses. E como se não bastassem estes prazos, há tubarões que geram apenas um filhote em cada gestação.
Os óvulos foram fecundados, agora vai?
Uma vez o óvulo fecundado, há espécies de tubarão que são ovíparas, em que a fêmea realiza a postura dos ovos retangulares, protegidos por uma membrana filamentosa chamada de teca, de modo a fixá-los ao substrato marinho. Espécies ovovíparas, com os ovos se desenvolvendo no oviduto da fêmea, até nascerem os filhotes e serem expelidos já desenvolvidos. E espécies vivíparas com embrião se desenvolvendo internamente com ligações placentárias, sendo também expelidos já desenvolvidos.
Os embriões da espécie Mangona tem um comportamento muito particular: o canibalismo intrauterino, também chamado de adelfofagia: a fêmea ovovivípara tem dois úteros, onde em cada um o embrião mais desenvolvido se alimenta dos demais menores e novos óvulos gerados pela mãe durante a gestação, ganhando peso e tamanho.
Agora os oceanos são, ou deveriam ser, deles!
Uma vez nascidos, a maioria dos filhotes de tubarões está procurando lugares seguros para se alimentarem e crescerem, como mangues e recifes de corais, para posteriormente então seguirem para águas abertas, profundas ou onde for seu habitat natural. E o caminho natural seria crescerem e se multiplicarem.