O estado do Rio de Janeiro pretende tirar de circulação pouco mais de 4 bilhões de sacolas plásticas com a lei que entra em vigor nesta quarta-feira (26.06). A medida impede a cessão ou mesmo a venda dos modelos descartáveis ou de uso único em qualquer estabelecimento comercial no estado. Os estabelecimentos comerciais têm até o fim do ano para se adaptar a nova medida.
Com a lei, os consumidores vão ter que levar bolsas retornáveis para fazer compras (ecobags) ou adquirir um modelo retornável que dura até 50 compras, nas cores verde ou cinza. A medida vem depois da capital do estado proibir o uso de canudos de plástico em estabelecimentos comerciais.
“A partir de agora, supermercados que ainda tiverem sacolas convencionais em estoque deverão separá-las e enviá-las para reciclagem“, explicou a coordenadora Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (ASSERJ), Ana Paula Rosa, em entrevista ao G1.
Para incentivar os consumidores, a associação lançou uma campanha no Aquário do Rio de Janeiro, chamada ‘Desplastique Já’. É bom lembrar que cada consumidor terá direito a duas sacolas gratuitas durante os próximos seis meses. Após esse período será cobrado um valor entre R$ 0,05 e R$ 0,08 por cada sacola avulsa.
“Podemos parafrasear o famoso astronauta e ironizar ‘é um grande passo para as pessoas consumistas, mas um pequeníssimo passo para a natureza’. Estudos dizem que até 2050 teremos mais plásticos nos oceanos do que peixe. Pensem nisso…. Viajar para o Caribe e ver aquele lindo mar azul turquesa mais plásticos do que peixes. Só quem já viu um animal marinho preso em algum plástico ou nylon, agonizando desesperadamente ou já morto, para entender o malefício deste material”, critica Paulo Guilherme, diretor da Divers For Sharks.
A Lei criada pelo Deputado Carlos Minc (PSB), no entanto, não garante que as novas sacolas sejam biodegradáveis. O que representa pouco avanço, já que as novas bolsas são produzidas com 51% de produtos renováveis, como a cana de açúcar, mas não devem ser utilizadas como saco de lixo. No final, o consumidor ainda vai ter que pagar por essa ‘nova tecnologia’.
Mais um boa lei para ‘inglês ver’, como falamos no popular.
De herói a vilão
O plástico foi criado durante a II Guerra como forma de combater a escassez de materiais no front. Mas a origem nobre deu lugar a um problema grave, que é a destinação desse material. A substância é a base para produção de vários produtos (sacolas, canudos, brinquedos, copos, etc), cujo destino quase sempre são os mares do planeta.
“Durante a guerra mundial, os acampamentos do exército dos Aliados sempre tinham mesa de sinuca para lazer dos soldados. O que pouca gente sabe é que na época as bolas de sinuca eram feitas de marfim, extraídas dos dentes dos elefantes. Winston Churchill para evitar uma super demanda de marfim para atender a todas as mesas de sinucas dos acampamentos de guerra, criou uma campanha para eleger o substituto das bolas de marfim. E o produto que ganhou o concurso foi o então novíssimo desenvolvido Baquelite. Grosseiramente podemos dizer que foi o primeiro plástico. Então hoje vivemos um inferno astral da criação do baquelite para evitar a morte de elefantes e das sacolas de plástico dos mercados para evitar a derrubada de árvores”, explica Paulo Guilherme.
Com informações do G1.