Em setembro de 2019, motivado por matérias da Folha e Estado de São Paulo, escrevemos sobre o problema que era a escolha de Sara Kischener Seif para a Secretaria de Pesca do atual governo, uma vez que a família dele tem negócios na área. Agora, sete meses depois, o The Intercept Brasil mostra que uma decisão da pasta beneficia diretamente a empresa do pai do secretário, a JS Manipulação de Pescados.
Publicada 04 de maio, uma norma permitiu que dobrassem o número de espécies que podem ser capturadas numa modalidade específica de pesca industrial, feita com os chamados Barcos de Cerco. Segundo o The Intercept Brasil, essa resolução beneficia apenas duas embarcações se encaixam nesta categoria e uma delas pertence ao pai do secretário, Jorge Seif.
A reportagem fica ainda mais interessante ao revelar que a medida não foi assinada pelo secretário, mas pela Ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Já a atualização ficou a cargo de Marcelo Moreira Neves, secretário-adjunto de Seif Junior. Seria uma tentativa de ocultar o flagrante conflito de interesses.
Nem vamos entrar no mérito se houve algum estudo de impacto ambiental nesta medida. Algo que deveria ser praxe em qualquer iniciativa que interfira no habitat de qualquer espécie animal. Já está em curso uma iniciativa de excluir o IBAMA do acesso ao sistema que rastreia barcos pesqueiros, um dos mecanismos usados para a fiscalização da pesca predatória no costa brasileira.
Pelo que constatamos até agora, a preocupação com a preservação do mar não é compromisso deste governo. Também é do atual Secretário de Pesca a declaração de que “os peixes seriam animais inteligentes e saberiam fugir das manchas de óleo”, quando houve desastre ambiental no litoral nordestino.