O Brasil precisa de renovação política, de partidos que estejam conectados aos interesses da população, principalmente em questões cruciais para o Brasil. Em 2016, o cofundador da Divers For Sharks, Paulo Guilherme Alves Cavalcanti – o Pinguim -, se juntou a um grupo de mais 100 pessoas para fundar o Partido Animais, cuja principal bandeira é a defesa animais não-humanos e do meio ambiente. Em ano de eleições é importante lembrar como as nossas decisões nas urnas trazem implicações diretas em nossas vidas.
“Esse trabalho terá ligação com a minha participação nas subcomissões e convenções como a Cites (Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção), Convenção de Biodiversidade (CBD) nas Organização das Nações Unidas (ONU). Agora, como um dos representantes legais do Partido Animais no Brasil, será uma forma de pressionar mais a delegação brasileira e de outros países nas votações de resoluções de proteção”, explica Pinguim.
Apesar da ideia ser nova por aqui, ela não é uma novidade em outros lugares. Há partidos com o mesmo objetivo na Espanha, como o PACMA, e em Portugal, conhecido como PAN. A Holanda também figura entre os países que tem representantes neste campo com o Partij voor de Dieren, fundado em 2002 (veja uma entrevista com o fundador aqui). “A verdade é que nós estamos saindo atrasados em relação a outros locais do mundo”, aponta o cofundador da Divers for Sharks.
Um dos objetivos do Partido Animais é simplificar a discussão sobre proteção das espécies selvagens, além de ampliar a visão sobre a lógica de consumo na indústria alimentícia. Uma abordagem que se faz necessária para que possamos analisar, por exemplo, como funcionam o tratamento aos animais em cadeia produtivas na agropecuária e outros setores que fazem parte da nossa vida cotidiana.
No entanto, para que o partido possa estar funcionando legalmente é necessário que a organização tenha 500 mil assinaturas, o que corresponde a 0,5% dos votos válidos. O ponto de partida é o site oficial do Animais, onde é possível assinar a ficha de apoiamento e conhecer um pouco mais do trabalho que vem sendo realizado para constituir o movimento político. Ainda haverá outras barreiras como o lobby de setores como os ruralistas e das bancadas ligadas a agroindústria do Brasil.
“A força que a bancada ruralista tem, por outro lado, também é a fraqueza deles. A sociedade brasileira está muito insatisfeita com os políticos e os partidos que temos atualmente. Independente de ser um partido animal, as pessoas acham importante a renovação política, de uma outra opção, com estruturas novas, não viciadas e dominadas pela máquina. A aceitação passa pela insatisfação do jeito que está o sistema atual”, aposta Pinguim.