Autora convidada
Elisa Massafferri
Apaixonada por animais e pela natureza, resolveu seguir carreira e hoje é graduanda em Ciências Biológicas na UNIRIO.
A pesca desenfreada pode causar um estrago no equilíbrio do ecossistema marinho e nas cadeias alimentares, visto que eliminar totalmente, ou uma parte significativa de animais de topo de cadeia como os tubarões, causa uma superpopulação de suas presas e consequentemente um comprometimento de níveis tróficos inferiores. Foi revelado pela Mongabay, um mercado ilegal de barbatanas fomentado por uma empresa que até então fazia somente pesca e venda de atum para a Mitsubishi.
Os entrevistados indicaram, além da pesca e venda ilegal de tubarão, péssimas condições de vida e trabalho.
Foi constatado que um dos barcos mais notórios da DOF (Dalian Ocean Fishing), tinham 5 marinheiros indonésios que adoeceram e morreram em 2019 e 2020. A mesma embarcação chegou a extrair 743 kg de barbatana de tubarão seca, o que é equivalente à 4.583 tubarões individuais num período de 13 meses, testemunhou um ex-trabalhador ao Mongabay. A pesca está indo tão longe que segundo fotos contrabandeadas, algumas das barbatanas eram de tubarões galha-branca, animais criticamente ameaçados de extinção, cuja retenção é ilegal em qualquer circunstância.
Acredito que o mais impressionante disso tudo seja que, carne de tubarão, ou cação, como é comercializado, não faz bem para nós seres humanos. Isso acontece porque, como os tubarões são animais de topo de cadeia, eles acumulam metais pesados (como mercúrio) de toda a cadeia trófica, o que pode ser letal para nós. Então, por que? Qual a necessidade de acabar com toda vida e recursos que são dados pela natureza?
Quando eu era pequena tinha a ilusão que os únicos animais que eram consumidos eram os que eu comia e tinha acesso, e esses são galinha, boi e peixe. Fui crescendo e ficando cada vez mais impressionada pois não há um só animal que escape da exploração humana. Jacarés, coelhos, lagostas, insetos são alguns exemplos. Pena que sejamos tão cegos para enxergar que nós dependemos da natureza e não o contrário.