Tubarões: Guardiões dos Oceanos e a Importância da Sua Preservação

Tubarões: Guardiões dos Oceanos e a Importância da Sua Preservação

Os tubarões, muitas vezes retratados como predadores temíveis, desempenham um papel essencial nos oceanos, garantindo o equilíbrio dos ecossistemas marinhos. Apesar disso, essas criaturas extraordinárias enfrentam um rápido declínio populacional, com consequências alarmantes para os mares e para a humanidade. Um estudo recente publicado na Science revelou que mais de um terço deles estão ameaçados de extinção e que perda global de tubarões e raias atinge níveis sem precedentes, destacando a necessidade urgente de proteção dessas espécies, tanto no Brasil quanto no mundo.

A revista que publicou artigo sobre tubarões ameaçados de extinção e a edição atual impressa
A revista que publicou artigo sobre tubarões ameaçados de extinção e a edição atual impressa

O Papel Fundamental dos Tubarões nos Oceanos

Como predadores de topo, os tubarões regulam as populações de espécies menores, evitando a superexploração dos recursos marinhos. Eles mantêm a saúde das populações de presas, atacando os indivíduos mais fracos ou doentes, o que, por sua vez, previne o crescimento descontrolado de certas espécies e protege habitats importantes, como os recifes de coral.

Uma das consequências do desaparecimento dos tubarões pode ser observada na proliferação descontrolada de herbívoros marinhos. Em áreas onde a pesca excessiva de tubarões ocorre, populações de peixes menores e invertebrados podem crescer rapidamente, resultando na degradação de algas e recifes de corais. Esses ecossistemas são essenciais não apenas para a biodiversidade marinha, mas também para a pesca e o turismo, afetando diretamente economias locais.

O Alarme Global: Dados Reveladores

O estudo publicado na revista Science revela um cenário devastador: mais de um terço das espécies de tubarões e raias estão ameaçadas de extinção devido à pesca excessiva e à destruição de habitats. De acordo com o estudo, as populações globais de tubarões e raias caíram 71% desde 1970 . Além disso, o estudo destaca que 100 espécies de tubarões enfrentam um risco elevado de extinção, principalmente devido à captura para a retirada de suas barbatanas, uma prática conhecida como finning.

Fig. 1. Cenário regulatório global. (A e B) Tendências crescentes no número deregulamentos de pesca e remoção de barbatanas de tubarão adotados (A) internacionalmente por meio de organizações regionais de gestão de pesca (RFMOs) de atum e (B) nacionalmente por meio de leis e políticas nacionais. O número de espécies de tubarão ameaçadas listadas na CITES adicionalmente regulamentadas por meio de restrições comerciais internacionais são sobrepostas como linhas vermelhas. Novas listagens introduzidas em 2022 ainda não foram totalmente implementadas. (C) Tendências nas pescarias de atum envolvidas com a ecocertificação MSC e projetos de melhoria da pesca (FIPs) relacionados. (D) Padrão espacial de regulamentos ativos de tubarão em 2022. WCPFC, Comissão de Pesca do Pacífico Ocidental e Central; IATTC, Comissão Interamericana do Atum Tropical; ICCAT, Comissão Internacional para a Conservação dos Tunídeos do Atlântico; IOTC, Comissão do Atum do Oceano Índico.” Cenário regulatório global. (A e B) Tendências crescentes no número de regulamentos de pesca e remoção de barbatanas de tubarão adotados (A) internacionalmente por meio de organizações regionais de gestão de pesca (RFMOs) de atum e (B) nacionalmente por meio de leis e políticas nacionais. O número de espécies de tubarão ameaçadas listadas na CITES adicionalmente regulamentadas por meio de restrições comerciais internacionais são sobrepostas como linhas vermelhas. Novas listagens introduzidas em 2022 ainda não foram totalmente implementadas. (C) Tendências nas pescarias de atum envolvidas com a ecocertificação MSC e projetos de melhoria da pesca (FIPs) relacionados. (D) Padrão espacial de regulamentos ativos de tubarão em 2022. WCPFC, Comissão de Pesca do Pacífico Ocidental e Central; IATTC, Comissão Interamericana do Atum Tropical; ICCAT, Comissão Internacional para a Conservação dos Tunídeos do Atlântico; IOTC, Comissão do Atum do Oceano Índico.

Esse declínio drástico compromete não apenas a biodiversidade, mas o funcionamento adequado dos ecossistemas oceânicos. A perda desses predadores afeta as cadeias alimentares e pode resultar em uma explosão de espécies menores, levando a desequilíbrios ecológicos que afetam desde pequenas comunidades pesqueiras até grandes cadeias globais de suprimento de alimentos marinhos.

Situação no Brasil: Ameaçados de extinção

No Brasil, a situação é igualmente alarmante. O país abriga cerca de 88 espécies de tubarões, incluindo espécies ameaçadas como o tubarão-martelo (Sphyrna lewini) e o tubarão-raposa (Alopias vulpinus). A costa brasileira, que possui um dos maiores litorais do mundo, vem sofrendo com a pesca ilegal e o comércio de barbatanas, práticas que agravam o declínio dessas espécies.

Estudos realizados pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) revelam que 11 espécies de tubarões no Brasil já estão em perigo crítico de extinção. Um exemplo é o tubarão-anequim (Isurus oxyrinchus), classificado como vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). A pesca acidental também contribui significativamente para esse declínio, já que os tubarões muitas vezes são capturados como “captura acessória” em operações pesqueiras destinadas a outras espécies.

Padrões globais de mortalidade por pesca de tubarão. São mostradas as mortalidades médias anuais por 1° por 1° de célula de grade de 2016 a 2018 para (A) todos os tubarões,(B) espécies ameaçadas (IUCN criticamente em perigo, em perigo ou vulneráveis), (C) tubarões-seda (Carcharhinus falciformis) e (D) tubarões-martelo (Sphyrna spp.). (E) Tendência relativa na mortalidade anual (aumento ou diminuição percentual) para todos os tubarões de 2012 a 2019. (F) Tipo de equipamento de pesca que domina a mortalidade de tubarões para cada célula”. Padrões globais de mortalidade por pesca de tubarão. São mostradas as mortalidades médias anuais por 1° por 1° de célula de grade de 2016 a 2018 para (A) todos os tubarões, (B) espécies ameaçadas (IUCN criticamente em perigo, em perigo ou vulneráveis), (C) tubarões-seda (Carcharhinus falciformis) e (D) tubarões-martelo (Sphyrna spp.). (E) Tendência relativa na mortalidade anual (aumento ou diminuição percentual) para todos os tubarões de 2012 a 2019. (F) Tipo de equipamento de pesca que domina a mortalidade de tubarões para cada célula

Consequências da Perda de Tubarões

Os impactos da perda de tubarões vão muito além da biodiversidade marinha. Eles afetam a saúde dos oceanos e, por extensão, a vida humana. A perda desses predadores pode causar um efeito cascata, alterando ecossistemas inteiros e prejudicando as economias locais que dependem da pesca e do turismo.

Um exemplo claro desse impacto está na deterioração de recifes de corais, que são essenciais para a biodiversidade e como barreiras naturais contra tempestades e erosão costeira. Os recifes de corais saudáveis dependem de uma relação equilibrada entre as espécies que os habitam. Quando esse equilíbrio é rompido, a resiliência dos recifes diminui, tornando-os mais vulneráveis a doenças e à acidificação dos oceanos.

Além disso, a perda de tubarões afeta diretamente a segurança alimentar. Com o declínio de espécies predadoras, as populações de peixes menores podem crescer descontroladamente, consumindo grandes quantidades de plâncton e outros recursos alimentares. Isso prejudica a pesca comercial e a subsistência de comunidades costeiras que dependem da pesca artesanal.

Percepções de especialistas sobre pesca de tubarão e regulamentação. (A) Localização geográfica de 22 especialistas regionais entrevistados para este estudo. (B) Percepções dos entrevistadossobre tendências atuais em barbatanas de tubarão (esquerda) e mortalidade de tubarões (direita). (C) Percepções dos entrevistados sobre medidas regulatórias e de mercado eficazes (em negrito) e insuficientes que afetam tendências em barbatanas de tubarão e mortalidade”. Percepções de especialistas sobre pesca de tubarão e regulamentação. (A) Localização geográfica de 22 especialistas regionais entrevistados para este estudo. (B) Percepções dos entrevistados sobre tendências atuais em barbatanas de tubarão (esquerda) e mortalidade de tubarões (direita). (C) Percepções dos entrevistados sobre medidas regulatórias e de mercado eficazes (em negrito) e insuficientes que afetam tendências em barbatanas de tubarão e mortalidade

A Urgência da Ação: O Que Pode Ser Feito?

Salvar os tubarões não é apenas uma questão de proteger uma espécie ameaçada, mas de garantir a saúde e a sustentabilidade dos ecossistemas oceânicos e das economias costeiras. Existem várias maneiras pelas quais podemos ajudar a proteger essas criaturas essenciais:

Conclusão: Como Você Pode Fazer a Diferença?

A Divers for Sharks é uma organização sem fins lucrativos que trabalha incansavelmente para proteger os tubarões e promover a conservação dos oceanos. Através de campanhas de conscientização, pesquisas científicas e esforços para educar o público, a Divers for Sharks está na linha de frente da batalha para salvar essas criaturas.

Os tubarões estão em risco, mas ainda há esperança. A preservação dessas espécies depende de todos nós. Faça sua parte contribuindo com a Divers for Sharks. Você pode fazer uma doação ou se voluntariar, ajudando em eventos, campanhas ou no monitoramento de tubarões. Cada pequena ação conta!

Acesse d4s.eco.br para saber mais e se envolver. Vamos juntos proteger os guardiões dos oceanos e garantir que eles continuem a desempenhar seu papel vital na saúde do planeta.

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